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sábado, 14 de abril de 2012

Sessão Cult: Ed Wood


Muitas vezes quando se pensa em mundo cinematográfico, associam-se as ideias de grandes produções, bons atores, diretores renomados, orçamentos milionários, quantas estatuetas ou indicações teve... Mas e o rótulo de "pior cineasta da história do cinema'', vocês já pararam para pensar de quem é? Edward Davis Wood Jr.: that's the guy!

Incompreendido e (mais ainda) ridicularizado por suas produções que possuíam enredos fraquíssimos, atores sem nenhuma experiência - quem quisesse participar do elenco, era aceito na mesma hora - e cortes e edições que não apresentavam sentido algum, Wood também foi e ainda é, conhecido pela frequência com que escrevia, produzia, realizava e protagonizava filmes com recursos escassos e pela sua inabilidade em desempenhar todas essas funções.

Sendo um verdadeiro sinônimo de fracasso profissional durante toda a sua vida e após sua morte, foi em 1994, nas mãos de Tim Burton - outra figura peculiar do cinema, conhecido pelas suas excentricidades cinematográficas e pelo seu interesse em figuras um tanto quanto desajustadas - que o público pode conhecer um pouco melhor sobre Ed Wood. Um indivíduo que apesar do fraco talento, nunca desistiu de fazer o que amava, mesmo que todo mundo - num sentido quase que literal - falasse para ele parar.


 Em seu filme, Burton se reuniu com a sua ''musa'', Johnny Deep, que em uma atuação magistral ao interpretar Ed Wood, por meio de suas expressões faciais - quando vocês assistirem, irão concordar que na cena em que ele está dançando vestido de mulher, sua expressão é impagável! - e jeito de falar, incutem ao personagem um estilo que mescla o ingênuo e o sonhador, característica que marcou a vida de Wood. E o enredo se passa em uma Hollywood dos anos 50, acompanhando o jovem cineasta que até então só atuava - no caso, em uma peça de teatro que foi devastada pela crítica - e em sua primeira grande oportunidade: produzir um filme sobre um transex, que posteriormente acabou tomando um caráter pessoal e tratou da vida de Wood e do seu ''segredo'' (Glen or Glenda). Esse foi o primeiro desastre cinematográfico do persistente diretor.

Nesse meio tempo, Wood conhece Bela Lugosi (Walter Landau), uma estrela de cinema em decadência, apenas identificada pelo trabalho que fez em “Drácula”, que vive nas sombras de outros astros do cinema de terror, como o seu eterno rival Boris Karloff (estrela de filmes como “The Mummy”, “The Ghoul”, “Black Cat”, entre muitos outros). As duas figuras desajustadas da sociedade e de Hollywood, criam uma profunda relação de amizade, que resultou em atuações (as suas últimas em vida) de Lugosi em trabalhos de Wood. E o desenrolar da história conta com muitas tentativas cômicas do diretor e de sua equipe de malucos em produzir histórias sem nexo algum, fadadas ao fracasso, mas que rendem boas risadas!


Da mesma forma como Ed Wood teve bastante dificuldade em conseguir apoios dos estúdios, Burton também viu “Ed Wood” ser rejeitado pela Columbia Pictures por ter decidido filmá-lo em preto e branco - hoje nota-se que essa foi uma sábia decisão do cineasta, pelo incrível jogo de luzes e sombras que rodeiam os personagens e por recriar a atmosfera dos anos 50, numa obra que parece recuperar um estilo clássico de filmar, centrado nos seus personagens e na narrativa. E por puro desconhecimento, o filme também foi ignorado pelo público, quando na verdade, esse foi um dos melhores trabalhos da carreira de Burton (posso dizer que é um dos meus preferidos!), ao apresentar alguns momentos da vida de Ed Wood, ao mesmo tempo que o insere no cenário uma Hollywood dos anos 50, em que tudo parecia recheado de grande loucura.

 Indico ''Ed Wood'' pelas diversas cenas cômicas que rendem boas risadas (uma comédia inteligente, que passa longe da maioria ''água com açucar'' produzidas atualmente), pela originalidade e genialidade do enredo e pelas atuações impagáveis tanto de Deep - uma das melhores de sua carreira - quanto de Martin Landau, que brilha em sua interpretação de Bela Lugosi, uma estrela em decadência, completamente falida (esse papel rendeu à Landau um Oscar e um Globo de Ouro) e Bill Murray como o excêntrico homosexual Bunny Breckinridge, que faz parte da equipe de Ed.

Outro ponto marcante do filme é o respeito e humor, sem cair no ridículo, com que Burton retrata Ed Wood; um sonhador considerado o pior cineasta do mundo, que tem a sua história reproduzida cinematograficamente pelas mãos de um dos mais brilhantes cineastas de Hollywood.


 Dica para assistir no final de semana e quando puder, pois vale a pena!

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